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quinta-feira, 14 de junho de 2012

Resenha - O Túnel de Ernesto Sabato



Olá pipols! 
Hoje vou resenhar um livro daquela série dos mais cultos ou clássicos, e este, se chama O Túnel, escrito pelo argentino Ernesto Sabato. Esta resenha está saindo agora, por que eu indiquei este livro a uma visitante aqui do blog, então seria legal ela ver todos os pontos fortes e fracos para ver se gosta da indicação ou não.


Características
Nome: O Túnel  - Literatura Ibero-americana
Autor: Ernesto Sabato
Editora: Folha de S. Paulo
Páginas: 151
Estilo: Romance


Sinopse
Lançado em 1948, este livro extraordinário foi escrito, segundo seu autor, "a partir de uma subjetividade total". Em 1953, no livroHeterodoxia, Sabato comentou sua obra: "Enquanto eu escrevia esse romance [...], muitas vezes me detinha, perplexo, para avaliar o que estava saindo, tão diferente do que havia previsto. E, sobretudo, me intrigava a importância crescente que iam assumindo o ciúme e o problema da posse física. Minha idéia inicial era escrever um conto, o relato de um pintor que enlouquecia ao não conseguir comunicar-se [...] nem mesmo com a mulher que parecia tê-lo entendido por intermédio de sua pintura". Ao final, "o desespero metafísico se transforma em ciúme, e a história que parecia destinada a ilustrar um problema metafísico se transforma em romance de paixão e crime".


Resenha
       Minha Sinopse: Uma trama simples, Castel matou María, e agora escreve neste relato os motivos que o levaram a tal, garantindo, porém, sua imparcialidade na narrativa.
       Pontos Positivos: Como sempre, minha resenha ficou minúscula, mas o enredo é exatamente este mesmo, porém, não se deixem levar por uma história simples, pois o modo como ela é narrada, escrita e etc é muito além do que estamos acostumados (pelo menos além do que eu estava acostumado).

       "Bastará dizer que sou Juan Pablo Castel, o pintor que matou María Iribarne; suponho que o processo está na lembrança de todos e que não serão necessárias maiores explicações sobre minha pessoa." Página 7.

       E é assim que o livro começa. Não podemos considerar este um romance policial, pois não há investigação do crime para tal, mas se levarmos em conta o assassinato, podemos reparar que este segue uma linha diferente à de Sherlock Holmes, Agatha Christie e semelhantes. Ele segue a linha de Jô Soares, por exemplo, que não esconde em momento algum quem é o assassino, na verdade, este narra as confissões do assassino, que narra, com imparcialidade suspeita, a cadeia de acontecimentos que o levaram a cometer tal tragédia. 
       Meus queridos: Este livro é literatura. Isso eu pude enxergar. Não imagine uma linguagem rebuscada e preciosista, pelo contrário, é simples de entender, porém rica. Vemos que a maneira que a narração ocorre é fantástica. Bom, eu ainda não consigo descrever bem a quão boa é uma escrita assim, mas acreditem, é de um nível muito acima que Academia de Vampiros, Feios, e qualquer série semelhante que está em voga atualmente (a citação de minhas séries favoritas foi proposital para dar uma noção maior).
       Quanto a narrativa, nós vemos muito mais que uma história contada, pois embora o narrador procura imparcialidade, ele nos traz para dentro de sua mente. Nós realmente conseguimos ter uma ideia muito clara do funcionamento de uma mente doentia e até mesmo psicopata devido ao imenso amor por uma pessoa. E o interessante é que nós começamos a ver que não é este amor que fez mal ao pintor, mas ele já era assim. Notamos ao ver como era sua visão sobre a sociedade, e por isso, ele se apaixonou por María, pois ela conseguiu ver além de um de seus quadros, ela foi a única pessoa que reparou na cena de uma janela, e esta cena para ele era a mais importante de todas, pois representava seu estado de espírito. O livro não deixa claro, mas tenho para mim que María reparar em tal cena representou para ele que ela o conhecia profundamente, que agora conhecia seu interior e como seu espírito estava, além também de ela se sentir da mesma maneira. 
       Outro ponto legal que notei é que no início do livro o Castel divaga sobre vários assuntos interrompendo seus atuais pensamentos e levando sua mente para outros totalmente diferentes, divagando mesmo. Algo que eu costumo ter bastante nos meus livros, toda essa "filosofia" dos porquês de tudo. Também conversa com o leitor, faz perguntas e tem um estilo livre de escrita, elementos estes com os quais me identifiquei bastante, pois tento usá-los nas minhas narrativas também.
       Os capítulos são bem curtos, coisa de no máximo quatro páginas, e isso é ótimo por deixar a leitura muito fluída e também totalmente justificável pelo fato de o autor não perder tempo com descrições desnecessárias, pois notamos que o livro mostra como funciona um mente doentia e obcecada por uma pessoa, e é claro que uma mente assim não ficaria reparando em como a grama está verde e o céu está azul, por exemplo.
       Por último, essa sacada de falar no ínicio que a María morre é tão legal, que em vários momentos nos pegamos pensando "Não, porque María teve que morrer?! Ela não merecia! Não!!!!", e consecutivamente, nos prende mais na leitura.
       Pontos Negativos: Foram muito poucos, sério, o livro é ótimo, mas me decepcionei um pouco com o final. A dúvida que nos é dada no fim não é como a de Dom Casmurro, por exemplo, onde nunca saberemos, mas não porque não foi dito se Capitu traiu ou não o Bentinho, e sim a dúvida acontece de maneira sutil, natural. Agora em O Túnel ela está escrachada, por exemplo, "E agora? Será que a terra é redonda? Bom, nunca saberemos". É claro que palavras semelhantes não foram usadas, mas senti que foi forçado essa parte de nos deixar em dúvida. 
      O fato da não clareza dos acontecimentos finais por um lado é justificável pela mente doentia, como já disse, ma por outro lado torna o enredo e toda aquela história a qual acompanhamos um pouquinho "inútil". Para mim não foi tão decepcionante, pois os pontos já ditos que vão além de enredo me cativaram e me deixaram entusiasmado, mas quem se preocupa muito ao com enredo, acredito que não irá gostar.
       Juan se torna tão louco que nos dá muito ódio, eu gostei disso, mas alguns podem não gostar, porque sério, dá vontade de nós mesmo matar o Juan.
       Conclusão: Como já disse, muitos não irão gostar, então leia se você quiser algo mais maduro e além de enredo. Caso contrário, acho que não seria ideal. É claro que o Ernesto Sabato não tem a melhor escrita do mundo, mas para mim, que estou começando com este estilo de livro, achei ideal, e para você que tem este objetivo também será ideal, pois não é cansativa a leitura. Meus lindos, esta é a resenha de hoje, espero que vocês tenham gostado, e em breve sai a vídeo resenha deste livro. Um beijo a todos, e até a próxima :D