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quinta-feira, 3 de outubro de 2013

As diferentes classificações literárias


Ultimamente eu tenho visto muita gente comentando a respeito de gêneros literários. Exemplos:
"Estou em uma fase tão young adult da minha vida." ou "Não tenho paciência pra ficção científica, gosto muito mais de chick-lits."

Mas daí me peguei pensando, o que são exatamente esses gêneros que todos comentam? E digo isso em uma questão classificatória mesmo. O que exatamente é considerado gênero, sub-gênero ou mera classificação convencional?

Então resolvi pesquisar e criar esse post pra poder apresentar melhor tudo que a literatura atual tem criado para nossa diversão! Pega a pipoca e vem comigo porque o post vai ficar gigante!

O que é literatura e não-literatura?
Pra começar, acho importante deixar claro que existem gêneros literários e gêneros não literários! Essa diferenciação é feita através do objetivo do texto do autor.

Textos literários tem como princípio causar emoção no leitor, então usam de linguagem conotativa ou poética. Nesse caso, entram os poemas, romances literários, contos etc.

Textos não-literários buscam apenas informar o leitor, então a linguagem é sempre mais direta e objetiva. Entram aí notícias, reportagens, textos didáticos, receitas culinárias etc.

Nesse post, obviamente, estaremos focados apenas em textos literários. Afinal, literatura é o que vocês buscam aqui no blog, né?

Gênero literários:
Os gêneros em si costumam ser bem amplos e ditam basicamente o formato, comprimento da obra e abordagem do autor. Aqui não entra nada sobre se o livro é um terror, fantasia ou ficção científica. Existem vários, mas para fins de melhor compreensão, selecionei apenas os mais interessantes para vocês.


Romance: São considerados os textos completos, que possuem personagens bem definidos, espaço claramente indicado e tempo certo. Leva-se em conta também que costumam ser textos verossímeis com da base do mundo real (o nosso mundo), apesar de isso não ser regra, vide o crescente número de romances de fantasia e ficção científica.
Fábulas: São textos puramente fictícios e inverossímeis, que geralmente utilizam elementos fantásticos. Nesse caso, trata-se de protagonistas que dificilmente são humanos (mas podem vir a ser) e que buscam alguma moral da história. É o velho "Era uma vez..."
 Novelas: Não tem absolutamente nada a ver com o que a Rede Globo faz, já aviso. Em termos de literatura, uma novela é o intermediário entre um romance e um conto. Um texto "meio-termo", no que diz respeito à longevidade do texto. Geralmente em novelas, os personagens são caracterizados em algumas poucas situações, já permitindo que o leitor se identifique e mergulhe na história. Normalmente, não são tão descritivos como romances mas fornecem mais detalhes do que contos.
Contos: São textos relativamente curtos e que tratam de alguma situação rotineira de um ou mais personagens. Aqui não existem muitos detalhes, a situação normalmente é descrita rapidamente e já parte para uma ação dos personagens que vai acarretar no desfecho. É aquela típica coisa de: texto rápido pra se terminar em no ônibus ou metrô.
Crônicas: Tratam-se de textos ainda mais breves do que contos, mas que fazem muita alusão ao dia-a-dia, geralmente contendo humor e críticas sociais. Um beijo pro Luis Fernando Veríssimo, que possui ótimos livros de crônicas!

Beleza! Até aqui tudo bem?
Não preciso nem falar que, apesar dessas classificações parecerem muito "fechadas" em si mesmas, o que ocorre na vida real é que geralmente temos uma mistura de dois ou mais desses gêneros quando falamos da composição de um livro. Não é regra seguir essas definições ao pé da letra. Então não deixem comentários falando: "Poxa, mas eu li TAL livro e ele era um romance que tinha características diferentes."

Tudo vale na literatura!

Subgêneros e classificações literárias:
Agora que ficou claro que os gêneros que existem são aqueles previamente citados, podemos tratar daquilo que realmente interessa a vocês. Os subgêneros e suas classificações. É aqui que a gente entra na brincadeira do que é fantasia, suspense e tudo mais.

Sejamos sinceros. Se eu fosse listar TODOS os subgêneros que existem, eu ia ficar dias e dias e dias escrevendo um único post e vocês teriam um texto absurdamente gigante que ninguém ia ler. Na verdade, não sei nem se muitos de vocês já ficaram pra ler essa parte.

Então eu escolhi aqueles que estão mais próximos do que eu conheço e daquilo que, eu imagino, vocês gostam de ler! Lembrando que, assim como os gêneros, os livros podem ter (e normalmente, tem) mais de um subgênero. Então não fiquem engessados em tentar classificar apenas de uma maneira. ;)


Fantasia: É um subgênero muito abrangente que normalmente é dividido em mais sub-subgêneros. Mas, em termos gerais, é a obra que utiliza de magia ou elementos sobrenaturais como ponto primário da narrativa ou tema. Geralmente também possuem algum tipo de mundo imaginário onde a própria magia e animais mágicos são comuns, mas não é regra. Existe uma linha tênue que distingue Fantasia de Ficção Cientítica e Terror, sendo que, de forma a deixar clara as diferenças, a Fantasia procura não utilizar de muitos elementos científicos e macabros. 

Como falei, o subgênero de fantasia é muito amplo. Então também podemos dividí-lo em:
  • Baixa Fantasia (Low Fantasy): Se fossemos definir em uma frase, seria "acontecimentos não-racionais que não possuem causa exata ou racionalidade pois ocorrem no mundo racional, onde tais acontecimentos não deveriam existir". O que isso significa? Que low-fantasy geralmente se passa no mundo real (ou em um mundo ficcional mas que seja racional) mas onde existem alguns acontecimentos fantásicos, envolvendo algum nível de magia, criaturas mágicas e/ou outros elementos de fantasia. Alguns exemplos: Belas Maldições (Neil Gaiman e Terry Pratchet) e Preacher (HQ de Garth Ellis, Glen Fabry e Steve Dillon). [Imagem da capa de Belas Maldições]
  • Alta Fantasia (High Fantasy): Aqui é onde a imaginação rola solta na cabeça do autor e ele cria um mundo completamente novo, diferente do mundo real. Tratam-se de livros e histórias que se passam em um local totalmente imaginário e fantástico, com regras e físicas distorcidas e diversas criaturas e raças diferentes. É normal, inclusive, conterem mapas, atlas e todo um compedium de glossários e enciclopédias que detalham o mundo criado. Aqui vemos também personagens fortes e geralmente bem desenvolvidos (em termos de narrativa) que lutam contra alguma força maligna ou um inimigo maior, mas isso não é regra. 
É normal que esse mundo imaginário funcione de uma das três seguintes formas: (1) o mundo fantástico é o único mundo que existe, como no caso de As Crônicas de Gelo e Fogo (George R. R. Martin); (2) o mundo fantástico é acessado através de um portal, como em Alice no País das Maravilhas (Lewis Carroll) ou As Crônicas de Narnia (C.S. Lewis); (3) o mundo fantástico existe dentro do mundo real, mas escondido, como na saga de Harry Potter (J.K. Rowling).

Tanto em Low Fantasy como em High Fantasy, quando se existe magia, é normal classificá-los entre Baixa Mágia (Low Magic) e Alta Magia (High Magic). Como o nome já intui, na Baixa Magia, elementos mágicos existem mas não são proeminentes na história. Ou seja, a magia é algo real mas colocada em segundo plano ante os acontecimentos (citando novamente As Cronicas de Gelo e Fogo de George R. R. Martin). Já na Alta Magia, a magia possui importância da história e tem a capacidade de alterar drasticamente o desenvolvimento do livro, como em Eragon (Christopher Paolini).

Outras classificações também servem para o gênero de fantasia, mas daí estaremos entrando em ainda mais minúcias que não convém agora.


      


Sobrenatural: Outro subgênero bem abrangente e que geralmente é classificado dentro de outros subgêneros, justamente porque seus elementos costumam estar ligados a terror e/ou fantasia. Já deu pra notar que tudo é muito sutil na hora de classificar, né? Porém, entenda como sobretural todos os livros e textos que utilizam elementos ou temáticas que ficam fora do "natural". Coisas que não são explicadas através de lógica e raciocínios do mundo comum. É comum classificar livros de vampiros e fantasmas (dentre outros) como sobrenaturais. Como exemplo, posso citar a coleção de Vampiros de Anne Rice.

Suspense: Subgênero que é, invariavelmente, ligado a outros subgêneros. Suspense de fantasia, suspense sobrenatural, suspense romântico etc. O demominador comum de um suspense é um texto que busca criar momentos de tensão e de emoções fortes com o leitor, criando uma forte ansiedade e antecipação para os eventos que irão ocorrer. Os sentimentos mais comuns tratam de: alta expectativa com momentos de tensão, falta de certeza sobre o que pode acontecer, surpresas, ansiedade e, as vezes, terror. Alguns exemplos: A Passagem (Justin Cronin) e Sob a Redoma (Stephen King).


    

Ficção Científica: É também um subgênero abrangênte que pode ser dividido em mini-classificações. Basicamente, são textos que possuem elementos científicos que ficam fora do que é considerado "comum" dentro do mundo real. O que diferencia de fantasia, por exemplo, é a existência de explicações para os elementos fantásticos que abusam de teorias tecnológicas e científicas. Em alguns casos, a existência de extraterrestres e tecnologia alien também são utilizadas em abundância. Dentre os elementos que podem ser utilizados, citamos: texto se passa no futuro, realidades alternativas ou passados modificados; texto se passa o espaço, outro planeta ou em uma terra subterrânea; tecnologia futura plausível como armas laser, máquinas de teletransporte, androides etc.; habilidades paranormais e por aí vai. É o caso de livros como 20 Mil Léguas Submarinas (Jules Verne), Eu Robô (Issac Asimov) e O Guia do Mochileiro das Galáxias (Douglas Adams).

Distopias: Considere uma distopia o extremo contrário de uma utopia. Enquanto a utopia fala sobre o mundo ideal onde tudo está certo para todos, a distopia pode tratar sobre a desumanização da humanidade, governos totalitaristas, desastres naturais de larga escala e outros elementos que podem causar um declínio catastrófico da civilização. Exemplos famosos como 1984 (George Orwell) e Jogos Vorazes (Suzanne Collins) utilizam de governos que reprimem a sociedade, enquanto Dança da Morte (Stephen King) fala sobre uma terra pós-apocaliptica após um surto de uma doença fatal e Extinction Point (Paul Anthony Jones) sobre a dizimação da sociedade nas mãos de uma raça alienígena.


     

Terror: Se trata de um texto que possui o objetivo de amedrontar, assustar ou surpreender o leitor ao evocar sentimentos tanto de terror quanto de horror. A diferença de terror e horror é bem tênue, mas costumam ser classificadas da seguinte forma: "algo que você testemunha e que faz sentir grande revulsa te deixa horrorizado, enquanto algo mais tangível e que te faz temer pela própria segurança te deixa aterrorizado". A intenção da literatura de terror é a criar uma atmosfera assustadora e insegura e pode, ou não, possuir elementos sobrenaturais. Livros como A Coisa (Stephen King) e House of Leaves (Mark Z. Danielewski) são considerados grandes obras de terror.


    

Policial: Dentre os subgêneros, costuma ser um de fácil identificação por possuir diversos elementos denominantes, tais como: ocorrência de um crime, investigação feita por um policial/detetive (e as vezes por pessoas comuns que possuem alto poder de dedução e inteligência), e a revelação de quem é o vilão que cometeu o crime. Por vezes, pode possuir elementos de suspense, sobrenatural, fantasia etc. São diversos os grandes autores renomados de livros policiais, como exemplos de Agatha Christie, Sidney Sheldon e Dan Brown, que possuem fortes personagens que desvendam crimes. Dentre grandes detetives, citam-se Poirot, Robert Langdon e Sherlock Holmes. Quem se aventurou por um policial foi J.K. Rowling, coms eu alter-ego Robert Galbraith com seu livro O Chamado do Cuco. Dentre brasileiros, pode-se também citar Jô Soares. 


   

Romântico: São livros onde o foco principal é o caso de amor entre dois personagens, que costuma seguir o modelo de "A conhece B, A se apaixona por B e vice-versa, A e B são felizes para sempre", como em Orgulho e Preconceito (Jane Austen) e Querido John (Nicholas Sparks). Não é o caso em todos os romances, mas deu pra ter uma ideia. Um livro pode ser apenas de romance, mas existem muitos livros que possuem subgêneros diferentes e inserem elementos de romance, como a saga de Os Instrumentos Mortais (Cassandra Clare) e até mesmo Jogos Vorazes (Suzanne Collins).


    

Chick-Lits: Apesar de sofrerem bastante preconceito dos puristas literários, os chick-lits fazem um grande sucesso com seu público alvo. São livros que tratam, basicamente, de problemas do universo feminino, geralmente com bastante humor e histórias leves que geram identificação com as mulheres. Apesar de normalmente conterem elementos de romance, os relacionamentos das protagonistas com seus amigos e família costumam ser retratados de forma a serem tão importantes quanto os relacionamentos amorosos. Melância (Marian Keyes), por exemplo, trata sobre como ser uma mãe no mundo atual; já Diário da Princesa (Meg Cabot) e O Diário de Bridget Jones (Helen Fieldings) falam sobre os diversos papéis que as mulheres assumem como personas no dia-a-dia e em situações especiais.


   


Como falei, esses são apenas alguns dos subgêneros existentes. Ainda tem vários que poderiam ser dissecados, como comédias, eróticos, mitológicos, mistérios etc. etc. etc. Mas preferi falar dos que estamos mais acostumados! O importante é: boa parte das informações que eu coletei vieram de enciclopédias online e da Wikipédia, então é bem fácil de encontrar definições para todos os diversos tipos de gêneros que existem! :)

Ficou gigante? Ficou.
Mas espero que vocês tenham gostado e tirado proveito de algumas das informações :)
Não se esqueçam de comentar; beijos a todos :*